17 de out. de 2009

As feiras de livros e os tradutores | Book fairs and translators

Ontem, li no blog fidusinterpres o "diário" do Fabio Said do dia 15 de outubro, quando visitou a Feira de Frankfurt. É muito bacana, todos devem ler. Mas isso só me fez ficar mais atenta para a ausência quase que completa de eventos para tradutores nas feiras de livros brasileiras. Fabio cita diversas atividades interessantes, entre palestras, encontros e até um tradutor traduzindo em tempo real no meio do burburinho ensurdecedor da maior e mais importante feira de livros do mundo. Tem lá na feira um espaço para os tradutores, o Übersetzer-Zentrum (Centro dos Tradutores), com quarenta eventos programados e aberto para networking, contatos com autores e editoras. Outro mundo...

É sempre incrível observar como, no Brasil, o tradutor de livros (muitos outros também) é largamente ignorado. Ao abrir qualquer lista de livros mais vendidos no Brasil é fácil ver: a esmagadora maioria, algo como 8 ou 9 entre10, dos livros são traduções. No entanto, o tradutor, como profissional, segue invisível. Não ganha participação nos lucros, é muito mal pago e raramente é mencionado. Enfim, isso não é novidade para nenhum tradutor brasileiro, todos sabem muito bem da situação.

Só que, ao ler a coluna do Fabio ontem, fiquei com ainda mais vontade de que, por aqui, se fizessem também eventos para tradutores nas feiras de livros. A Flip, Festa Literária de Paraty, por exemplo, seria perfeita para uma mesa redonda com tradutores. Já sugeri isso antes via Twitter e planejo continuar sugerindo, fazendo que nem aquele ditado, "água mole..." Isso porque inúmeras mesas da Flip são com convidados/autores estrangeiros. As estrelas da feira sempre incluem autores estrangeiros. E como se vê na lista dos mais vendidos, o grande público lê as traduções dessas obras, e não seu original. Uma mesa redonda, uma entrevista com um tradutor, uma oficina, sei lá. Algo, mas ignorar totalmente a figura é incrível...

2 comentários:

  1. Oi Marise, excelente iniciativa! Lutar contra a invisibilidade do tradutor é uma luta inglória, você sabe. Está em jogo muito mais que a importância do tradutor no mercado editorial. Desconfio que haja outros interesses aí. Mas não custa tentar.

    A experiência de Frankfurt foi realmente interessante. Mas na Alemanha, embora haja mais visibilidade e respeito aos tradutores, a remuneração dos tradutores literários é bem menor que a dos tradutores não-literários - exatamente como acontece no Brasil e em quase todos os lugares do mundo. E a baixa remuneração, a meu ver, se deve principalmente ao fato de que muito tradutor "publicado" não ganha a vida traduzindo e acaba aceitando qualquer trocado para ver seu nome na folha de rosto ("tradução de:..."). Traduzir livros é uma profissão de segunda linha - pelo menos do ponto de vista da remuneração. (Veja as informações que dei no meu artigo sobre o estudo do CEATL sobre a situação dos tradutores literários na Europa.)

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  2. Obrigada pela visita e pelo comentário, Fabio!
    O problema da remuneração é realmente triste e leva a diversas outras questões, como você apontou. Não sou tradutora literária, mas fiquei mesmo encantada com, pelo menos, as oportunidades e o reconhecimento na feira. Se houvesse sempre uma mesa ou um debate com tradutores nas feiras e festivais literários já seria muito bacana.

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