19 de nov. de 2009

Revisar sua tradução - uma etapa óbvia? | Revising your own translation - an obvious step?

De vez em quando, sou lembrada de que uma etapa da tradução que considero essencial não é padrão para todos os tradutores: a última revisão do texto traduzido. Ou é em alguma conversa, quando algum colega lembra "Mas o conceito de revisão não é comum para muitos" ou "Muita gente entrega traduções sem revisar". Ou era quando eu trabalhava em Foreign Rights numa editora e ouvia dos revisores: "As traduções de Fulana são ótimas; ela revisa o próprio trabalho." Ou leio em algum blog um post sobre o assunto, recomendando que o tradutor se afaste do texto para revisá-lo depois.

Tudo isso me leva a crer que, não, essa revisão não é uma unanimidade entre os tradutores. Muito me espanto a cada vez. Meu processo de tradução é assim: primeiro traduzo, procurando termos técnicos, parando para checar esta e aquela palavra, traduzindo o melhor que posso, mas sem me deter demais na "beleza" do texto. Depois, reviso o trabalho ou trecho do dia e cotejo com o original. Aí eu durmo! E deixo o texto "dormir" também. No dia seguinte, pego no texto exclusivamente na língua de chegada, ou seja, na língua para qual traduzi o original, geralmente português. E o escrevo, efetivamente, em português!

Adoro essa etapa. Adoro mexer com as frases até ficar satisfeita com o resultado, trocar palavras por sinônimos melhores, tirar resquícios da língua de partida, mudar tudo que soa estranho, truncado. Com a cabeça fresca e sem olhar mais para o texto original, fica muito mais fácil escrever um texto fluido.

Agora, que tem gente que não faz nem uma revisão do que escreveu, isso tem! Acho uma temeridade. Depois, não há revisor que dê jeito no texto. Pode até melhorar, mas bom não fica. Há tradutores que trabalham em dupla, um traduz, o outro revisa, aí é outra história. Mas como entregar um texto sem revisão ao cliente final? É algo que não entendo.

2 comentários:

  1. Oi Marise, me identifiquei com as suas colocações. Meu método de tradução é bem parecido. Preciso prestar mais atenção na fase de "apropriação" propriamente dita, ou seja, "limpar o código" da lingua fonte e imprimir uma estrutura/linguagem mais tipicamente brasileira, doa a quem doer (refiro-me aos vocábulo e expressões originais, que precisam ceder lugar ao nosso idiomatismo.

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  2. Oi Wayne, obrigada pelo comentário. É isso mesmo, o texto precisa soar como "brasileiro" e não como uma tradução. É o nosso desafio.

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